A existência e a firmeza da Igreja devem-se ao fato de não ser uma organização humana, mas um organismo espiritual, vivo e poderoso! E sua fortaleza é assegurada por “ferramentas espirituais” de grande valor, que são os dons espirituais, exclusivas de seu patrimônio santo e poderoso, que a diferenciam de qualquer outra entidade ou organização. Os dons espirituais não se limitaram aos tempos apostólicos, como entendem os teólogos “cessassionistas”.
Eles sempre foram (e são) parte da vida da Igreja de Jesus, para o cumprimento de sua gloriosa missão.
O que são os dons espirituais
Os dons são “ferramentas”, por assim dizer, à disposição da Igreja, para que essa exerça eficazmente a sua missão profética, de proclamadora do Evangelho de Jesus e contra “…os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Ef 6.12), envergando a “armadura do salvo”, na guerra espiritual sem tréguas a que todo salvo é submetido.
Os dons espirituais são as habilidades dadas a cada pessoa pelo Espírito Santo e que capacita a quem os recebe para ministrar as necessidades, principalmente do corpo de Cristo que é a Igreja. Nesta análise chamamos de “dons de Deus” a todos os carismas concedidos pelo Senhor, de diversas formas, como recursos de origem divina, com o propósito de capacitar os salvos em Cristo Jesus, a fim de que eles realizem a sua missão e seus objetivos, definidos pelo Seu Senhor e Mestre.
Os dons espirituais no Novo Testamento (1Co 12.1-11)
Após a ressurreição de Cristo, Ele credenciou-se, diante de Deus, dos anjos e dos poderes do mal, para conceder “dons aos homens” (Ef 4.8) no intuito de capacitar Seus servos, integrantes de Sua Igreja, dando-lhes dons (carismas), que são colocados à disposição de todos os salvos para que através dos mesmos, o Senhor realize Seus propósitos especiais. O Criador os reparte “particularmente a cada um como ele quer” (1Co 12.11).
A Igreja de Jesus é “… a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para anunciar as virtudes dAquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pe 2.9), e não pode ser confundida com “igrejas e igrejas” que existem por aí, cuja origem não é divina, mas humana e são criadas com objetivos humanos. Os dons espirituais contribuem para estabelecer e demonstrar a diferença entre “igrejas” e a Igreja de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
A necessidade dos dons espirituais
A Igreja, como “Corpo de Cristo”, necessita de poder, de unção e de manifestações espirituais que se expressam genuinamente através dos dons espirituais. Esses dons são indispensáveis à unidade e à ação da Igreja, por diversas razões.
1) Na espera pela vinda de Jesus. Até ao arrebatamento, os crentes sempre serão alvo dos ataques malignos. Mas Jesus proclamou: “Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). Como Noiva do Cordeiro, a Igreja necessita de poder para vencer as mais diferentes investidas malignas, durante a espera pelo Noivo. Ainda que, no Século 21 haja entre as igrejas locais, recursos que os primeiros cristãos não possuíam, em termos teológicos, educacionais ou tecnológicos, o único recurso que lhe oferece condições de suplantar o império do mal é o Poder do Espírito Santo. E este poder se manifesta na operação sobrenatural dos dons espirituais.
Na introdução à sua primeira Carta aos Coríntios, o apóstolo Paulo registrou considerações elogiosas àqueles crentes e acrescentou que nenhum dom (espiritual) lhes faltava, “esperando a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Co 1.7), “que os haveria de confirmar até o fim para serem irrepreensíveis no Dia de Nosso Senhor Jesus Cristo” (1Co 1.8).
2) Os dons espirituais fazem a diferença. Jesus demonstrou na parábola das 10 Virgens (Mt 25.1-13) que a chegada do Noivo poderia demorar. As cinco virgens loucas representam os crentes que não estão devidamente prontos para esperar a volta de Jesus. As virgens prudentes representam os crentes salvos que, além de terem o “azeite” nas lâmpadas, ou em suas vidas e testemunho, têm “azeite” nas vasilhas de reserva. O “azeite” representa a presença e o poder do Espírito Santo na vida dos crentes que serão arrebatados (cf. 1Ts 4.16,17). Os dons espirituais fazem a diferença na Igreja nesses “tempos trabalhosos” (2Tm 3.1), em que a rebeldia contra Deus aumenta a olhos vistos. Há milhares e milhares de “igrejas”, mas subir ao encontro do Noivo está reservado apenas aos crentes salvos, santos e irrepreensíveis (1Ts 5.23).
3) Os dons são indispensáveis à edificação da Igreja. Os dons espirituais são concedidos para a edificação da Igreja, para o desenvolvimento de sua missão e para a glorificação ao Senhor da Igreja. Os nove tipos de dons espirituais são indispensáveis para “o que for útil” (1Co 12.7). A “palavra da sabedoria”, “a palavra da ciência”, “a fé”, “os dons de curar”, “a operação de maravilhas”, “a profecia”, “o dom de discernir os espíritos”, “a variedade de línguas”, “e a interpretação de línguas” (1Co 12.8-10), são indispensáveis para o vigor espiritual da Igreja nesses “tempos trabalhosos” (2Tm 3.1).
4) Os dons são indispensáveis indispensáveis à evangelização. A missão da Igreja, levada a efeito através das igrejas locais, é de proclamar o Evangelho de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Nos tempos pós-modernos, a incredulidade, a frieza e a indiferença pelo Evangelho de Cristo têm sido tão evidentes que, sem a manifestação espiritual, as pessoas não vão saber discernir qual o verdadeiro Evangelho de Jesus, dentre tantas mensagens espúrias anunciadas hoje em dia. Sempre houve essa necessidade. O batismo no Espírito Santo produz o poder para a proclamação do Evangelho de Cristo por todos os lugares (At 1.8), e os dons são as manifestações espirituais indispensáveis ao êxito e autenticação da missão da Igreja.
O Senhor nos ajude e possamos contemplar as igrejas pentecostais, dentre as quais se encontra a Assembleia de Deus, caracterizar-se perante o mundo como uma igreja cheia do poder de Deus, pela manifestação de sinais, prodígios e maravilhas, pela atuação dos dons espirituais.
Elinaldo Renovato de Lima é pastor, líder da AD em Parnamirim (RN) e comentarista de Lições Bíblicas (CPAD) e escritor.
Fonte: Artigo publicado no Jornal Mensageiro da Paz, Ano 91 – Número 1631 – Abril de 2021