O Registro do Primeiro Batismo no Espírito Santo no Brasil

Celina Martins Albuquerque foi uma das primeiras pessoas a crer no batismo no Espírito Santo ensinado na Igreja Batista de Belém por Gunnar Vingren e Daniel Berg. Ela passou a buscar a promessa de Deus, vindo a receber no dia 8 de junho de 1911. Gunnar Vingren descreveu em seu diário: “Durante aquela semana tivemos cultos de oração cada noite na casa de uma irmã, que tinha uma enfermidade incurável nos lábios e nós sentíamos tristeza, porque ela não podia assistir aos cultos na igreja. O primeiro que fiz foi perguntar se ela cria que Jesus podia curá-la. Ela respondeu que sim. Dissemos então para que ela deixasse desde aquele instante, todos remédios que estava tomando. Oramos por ela, e o Senhor Jesus a curou completamente. Nos cultos de oração, que se seguiram, ela começou a pedir e orar pelo batismo com o Espírito Santo. Na quinta-feira, depois do culto, ela continuou orando em sua casa. O seu nome era Celina Albuquerque. Ela continuou, pois, orando em sua casa juntamente com outra irmã. E à uma hora da madrugada esta irmã Celina começou a falar em novas línguas e continuou falando durante duas horas”. Este fato colaborou para precipitar a sessão extraordinária do dia 13 de junho da Igreja Batista de Belém que excluiu todos que creram na doutrina pentecostal pregada pelos dois mensageiros suecos.

Celina Albuquerque nasceu em Manaus (AM), em 19 de setembro de 1876, filha de José Martins Cardoso e Cândida Rosa de Aguiar, pertencentes à igreja católica romana. Seu pai era Prático do rio Amazonas e dos altos rios da planície. Casou-se com 25 anos de idade em 25 de setembro de 1899 com Henrique Albuquerque, que, a semelhança de seu sogro, era também Prático da navegação dos rios amazônicos. Mudando-se do Amazonas para o Pará, aceitou a Cristo na Igreja Batista onde foi batizada em água em 9 de maio de 1909 por Almeida Sobrinho então pastor da igreja.

“Durante sua longa existência sempre foi fiel ao Senhor e à fé que professava, vivendo de modo irrepreensível. Era uma testemunha fiel de Jesus. A quantos a visitavam, enquanto pode falar, ela dava o testemunho da salvação em Cristo.”

Em 16 de novembro de 1914, por causa de uma visão de Celina Albuquerque, Daniel Berg, Estevão Gaspar, José de Matos e ela foram evangelizar a vila Tamatateua em Bragança. Deus revelou a Celina que naquele lugar se converteria um homem chamado Aprígio que iria evangelizar as aldeias e os povos ribeirinhos. Nessa cidade, o grupo encontrou Felício Aprício e sua esposa Andresa Vieira da Silva, que aceitaram ao evangelho e estão entre os primeiros crentes da AD naquela cidade.

Mesmo nonagenária Celina lia cotidianamente o seu Novo Testamento sem o auxílio de óculos. “Vítima de enfraquecimento nevrálgico, ela anda com dificuldade e por isso raramente sai de casa. Sua fé é semelhante à de uma criança, posto que se dirige a Deus em oração de um modo que denuncia a verdadeira intimidade que tem com Ele. O seu fervor espiritual não sofreu arrefecimento com o passar dos anos. Foi muito usada por Deus no desempenho dos dons espirituais em serviço do evangelismo pessoal. Entre os muitos que ajudou a Cristo, destaca-se Antônio do Rêgo Barros, pastor da Assembléia de Deus em Maceió, Alagoas. O glorioso ministério do evangelismo pessoal ainda lhe é um apanágio da vida, pois jamais devia o visitante se retirar de junto de sua rede, sem lhe entregar a mensagem quente do amor de Deus, seguida de um veemente apelo a uma decisão por Cristo.”

Quando morreu em 27 de março de 1969, Celina era viúva há muitos anos e não tinha filhos. Vivia no Abrigo Etelvina Bloise mantido pela Assembleia de Deus de Belém do Pará.

Fonte:
ARAUJO, Isael de. Dicionário do movimento pentecostal. Rio de Janeiro, CPAD, 2007, 1ª edição, p. 7,8.